23 de mai. de 2016

ACADEMIA MOURÃOENSE DE LETRAS: O discurso do presidente Jair Elias

“Nesta noite, encerramos e abrimos mais um capítulo da história da Academia Mourãoense de Letras. Foi extremamente honroso presidir a Academia Mourãoense de Letras nos últimos quatro anos. Foi a maior honra e o maior privilégio que o destino me proporcionou. Jamais imaginei, na hipótese de receber das vossas mãos, Senhoras Acadêmicas e Senhores Acadêmicos, este legado e a missão de prosseguir, na sucessão de nomes tão ilustres da nossa história, nesta seara jubilosa, mas plena de responsabilidades, a de dirigir os trabalhos da nossa Casa, na condição de seu sexto presidente.
Não diria nunca que o acaso me fez chegar até aqui. Seria zombar demais do destino. Mas se aqui cheguei, mantive sempre a consciência de que se algo de positivo e de bom foi realizado nestes quatro anos, para alcançar tal resultado. Eleito e reeleito pela unanimidade dos meus pares, eu queria corresponder à confiança em mim depositada e desejava ser um bom Presidente desta Casa. Minha ambição, no caso, era trabalhar para cumprir um dever que excedia as minhas forças, poucas para tão ingente tarefa, mas ao qual me dedicaria com todo o empenho. E se alcancei algum êxito deve-se ao fato de ter contado com a colaboração dos meus companheiros de diretoria, aos quais agradeço, de coração, pelo apoio. Trabalhar com estes acadêmicos exemplares foi compreender a afirmação do poeta alemão Schiller: “Quando acompanhado de boas conversas \ o trabalho corre alegre”.
E, acreditai, assim passamos quatro anos. No correr deste tempo, ouvi sempre a palavra amiga, o conselho perfeito, a achega oportuna, e o comentário estimulante, muitas vezes salpicado dos meus queridos colegas de diretoria, aos quais, neste momento, agradeço publicamente pelo muito que fizeram neste trabalho em que o conjunto da obra dependia do esforço de todos.
É costume das despedidas dos presidentes a leitura de um farto relatório de atividades. Porém, nesta tribuna quero rememorar alguns fatos que entraram para a nossa história:
 Primeiramente, a posse de 17 novos acadêmicos, estes que deram uma nova vida e solidificaram a entidade na comunidade mourãoense e regional.
Ao longo destes dois mandatos choramos a partida dos nossos colegas Francisco Irineu Brzezinski, Rubens Luiz Sartori e Amani Spachinski de Oliveira, cujas ausências serão sentidas para sempre.
Criamos a comenda “vida e liberdade”, este ano em sua terceira edição, homenageando o ilustre professor e colega Agenor krul, por suas valiosas contribuições ao ensino superior da nossa cidade e na formação de gerações de mourãoenses.
Em 1989, ainda menino, tive a oportunidade de conhecer Antônio carlos Aleixo, que na época estava na diretoria da fundação cultural.
Outra vez o destino nos surpreende.
26 anos depois, o office-boy da fundacam, investido na presidência da academia mourãoenses de letras, tem a honra de presidir a solenidade que concede a comenda vida e liberdade ao professor Antônio carlos Aleixo, homem de origem humilde, cujas contribuições na educação e na cultura de campo mourão o fizeram credor desta honraria.
Mas, a maior ação da Academia nestes 14 anos de história, foi sem dúvida, o lançamento da obra inédita do médico e escritor Aracyldo Marques- “os desbravadores”, cujo romance desvela para nós a construção de uma cidade, feita com o arrojo de sua brava gente.
Nos momentos decisivos, a Academia foi a porta-voz do seu povo. Quando do trágico 29 de abril de 2014, ocasião que professores foram massacrados no Centro Cívico em Curitiba, a academia foi a única entidade representativa da sociedade civil de Campo Mourão que teve a coragem de se manifestar publicamente o seu apoio aos nossos professores.
Somente essas ações mostram o quanto que fizemos nestes quatros anos.
E neste momento festivo, devemos refletir também o futuro de Campo Mourão.
Daqui alguns meses, o povo, em sua sabedoria, vai eleger novos inquilinos para os Poderes Executivo e Legislativo.
Chamo-os de inquilinos, pois o poder é transitório e uma vez conquistado, foge das mãos como grãos de areia.
Tudo passa.
E o que fica em permanente da passagem pelo poder é somente um quadro nas galerias das personalidades que estiveram à frente dos poderes públicos.
Torço para que o povo seja capaz de reconhecer que Campo Mourão precisa de audácia e coragem. Digo sempre que ao construirmos o futuro, devemos olhar no retrovisor da história e nos exemplos daqueles fizeram ao seu tempo à nossa história. O novo mandatário da cidade deve guiar-se nos exemplos do passado, e criar uma nova receita de gestão pública, baseadas nos seguintes pontos e exemplos:
Grandeza e no legado deixado por Milton Luiz Pereira.
Milton venceu as eleições de 1963. Ao findar da apuração dos votos teve a grandeza de reunir um grupo de estudantes para conduzir o candidato derrotado até a sua casa. Ao despedir do grupo, Ivo Mário Trombini, reconheceu no vencedor a figura de um estadista. Mais ainda, passado o calor das eleições, Milton foi até a casa de Ivo, convida-lo para assumir a presidência da Associação Comercial.
Grandeza e espirito público.
Visão de futuro – Horácio Amaral construiu este prédio, sem um centavo de recursos do Estado e da União, somente com recursos próprios. Entendia que o maior legado que um gestor pode deixar para sua gente, é a Educação. E por isso não teve medo de construir uma faculdade, numa terra em que muitos diziam que não dariam frutos. E este sonho nasceu forte, pois trouxe para sua inauguração, nada menos que o maior intelectual que o Paraná teve, Bento Munhoz da Rocha Neto.

Grandeza, visão de futuro, espirito público e honestidade. Elementos imprescindíveis para a construção da Campo Mourão do futuro, da cidade que daqui três décadas vai comemorar seu Primeiro Centenário de Criação.
Senhoras e Senhores,
Não quero alongar-me nesta despedida da presidência da Academia. Deixo-a, ao lado dos meus companheiros da diretoria que aqui também se despedem, com a consciência do dever cumprido. Deixamo-la certos de termos contribuído, na medida das nossas forças, na defesa da língua e da literatura, como ordena nosso estatuto e, ao lado disso, na ampliação do campo da cultura alcançando o vasto território das humanidades.
Deixamo-la entregue às mãos competentes e experientes de Ester de Abreu Piacentini e dos seus companheiros de diretoria, todos vocacionados para a defesa dos perenes interesses da Casa, que já provaram, em diretorias anteriores, dedicação e competência.
Por fim, expresso o mais sincero agradecimento aos membros das duas diretorias que tive a honra de conduzir; aos Acadêmicos; aos meus amigos, cujas presenças honram-me nesta noite, e em especial, a minha querida esposa Márcia e a minha filha Ana Elisa.
Nesta despedida, retomo uma afirmação do Papa João Paulo II que diz: “Urge ter coragem de caminhar em uma direção na qual ninguém andou até hoje”. Estou certo de que o mais seguro não é optar pelo passado e pelo caminho já trilhado. É preciso escolher o futuro, o caminho que ainda se deve abrir.
E com os olhos neste futuro, posso com o Apóstolo Paulo: “Combati o bom combate. Terminei minha carreira. Guardei a fé”. Fé que guardarei hoje e pelos caminhos do amanhã. Um amanhã de esperança. Muito Obrigado.” Jair Elias dos Santos Júnior - discurso proferido na noite de 21 de maio de 2016, no encerramento da gestão 2014/16.

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