13 de abr. de 2015

ENTREVISTA DE DOMINGO: Francisco Pinheiro da Silva

"Foi na Fundação Cultural de Campo Mourão onde vivenciei quase toda minha artística. Comecei na Coordenação de Ação teatral como assistente e já passei por diversos setores. Vi nascer e também participei da criação de inúmeras ações, projetos e programas na área cultural de nossa cidade" conta o artista, diretor, professor. comunicador e Celebridade Francisco Pinheiro da Silva, o nosso "Chico Pinheiro". Ele é um sonhador que acha que já conquistou boa parte dos seus sonhos. Membro da Academia Mourãoense de Letras e atuante na vanguarda da cultura mourãoense, Chico é homenageado aqui no BLOG na tradicionalENTREVISTA DE DOMINGO. 
Parabéns Francisco Pinheiro, parabéns Cultura de Campo Mourão.

QUEM É FRANCISCO PINHEIRO? Sou Francisco Pinheiro da Silva, filho de Joel Pinheiro da Silva e Alverinda Pio da Silva. Nasci em Campo Mourão, em 24 de outubro de 1968.
Casado com Leonice de Faria (Leo). Os filhos são Rafael (11), André (20) e o enteadoNícolas (15).
Formado em Letras (Fecilcam), pós-graduado em Educação e Arte (Unespar/Fecilcam) e especializado em Gestão e Política Cultura pela Universidade de Girona/Espanha e Instituto Itaú Cultural/SP. 
ONDE E COMO FOI A SUA INFÂNCIA? Boa parte de minha infância foi vivida na área rural, apesar de eu ter nascido num período em que  meus país moravam  na cidade. Além de Campo Mourão, vivi em Moreira Sales/PR, Assis Chateaubriand/PR e
Osasco/SP. Depois deste tempo meio cigano, que durou até eu completar cinco anos, voltei a morar na região do Alto Alegre (Vila Roberto Brzezinski),  onde fiquei até os  meus sete  anos. Após esse período, voltei para Campo Mourão onde permaneci todo o restante de minha infância morando na Vila Urupês - popular “Vila do Sapo”.
COMO FOI SUA ATUAÇÃO NA JUVENTUDE E
ONDE? QUE HISTÓRIAS OU FATOS LEMBRA? Tive uma juventude bem comum na verdade. Como era de praxe, a maioria dos jovens abandonavam os estudos para trabalhar e comigo não foi muito diferente. Trabalhei desde muito cedo. Fiz de um tudo. Vendi frutas e verduras em redinha de casa em casa e também vendi sorvete, salgadinho. Trabalhei no antigo bar Cerejeiras, o qual também servia refeições, e ficava na rua Brasil (conhecida como a “Rua dos Jacus”). Trabalhei na Churrascaria Marabá (onde hoje é o Cine Maxs),  na Livraria Roma entregando revistas nas bancas da cidade, no Supermercado Jalumar (atual São José), na Vila Urupês e finalmente na Paraná Diesel, onde fiquei até ir servir o Exército, em Curitiba. Quando retornei, permaneci mais de um ano ainda na Paraná Diesel e só sai para trabalhar na
Fundação Cultural com o Carlos Soares e a convite de Regina Menin Gaertner (foto).
Como diversão, gostava das tradicionais “brincadeiras dançantes” que aconteciam nas casas dos amigos. Frequentava o Clube Mourãense e também ia religiosamente todos os domingos (às vezes nas quartas) no Cine Plaza, onde aprendi amar o cinema.
Outra coisa que sempre gostei foi de circo e não perdia um quando vinham na cidade.  Na maioria das vezes ia sozinho, pois meus amigos não gostavam.
COMO O SENHOR SE AUTODEFINE? Um sonhador que acha que já conquistou boa parte de seus ingênuos sonhos da infância.
DESDE QUANDO EM CM, POR ONDE PASSOU E O QUE FAZ HOJE? Nasci aqui, mas, além das cidades que já citei acima, morei também em Curitiba/PR e Boa Vista/RR. Atualmente estou como Diretor de Desenvolvimento Cultural pela Fundação Cultural de Campo Mourão.
COMO FOI E ONDE SUA TRAJETÓRIA PROFISSIONAL? O QUE FEZ NO SEU TRABALHO QUE NÃO FARIA DE NOVO?  Depois de cumprir a jornada de muitas e diferentes formas de emprego na adolescência e juventude, passei um bom tempo trabalhando na Paraná Diesel. Primeiramente no setor de Recursos Humanos, depois como cobrador e, assim que voltei do Exército, fui convidado para trabalhar como Auxiliar de Bombista, na oficina da empresa. Fiquei pouco mais de um ano nessa nova profissão, e nesse período, após ser aprovado em um teste para integrar um grupo dirigido por Carlos Soares, comecei a fazer teatro na Casa Cultura.
 Soares, vendo meu interesse pela área, onde eu me envolvia não só com a atuação, mas também com a parte técnica como cenografia e adereços, indicou-me para ser contratado como seu auxiliar na Coordenação de Ação Teatral da Fundacam. Pedi as contas na Paraná Diesel e resolvi aceitar este novo desafio, mesmo a contragosto de meus pais que não viam futuro nessa profissão.
Quanto ao estudo, para ser sincero, só quando voltei do exército, tomei consciência da importância do mesmo, e decidi correr atrás do tempo perdido. Conclui o Segundo Grau, onde cursei Contabilidade no Colégio Estadual. Fiz vestibular e fui aprovado para o curso de Letras na Fecilcam, já sob a influência do teatro com o qual estava envolvido.
Graças a minha formação em Letras, trabalhei por mais de uma década no Colégio Vicentino Santa Cruz, como professor de Artes e de Literatura.  Nesta escola desenvolvi um projeto denominado “Arte é Vida” de autoria de Cida Freitas. Ministrava aulas de teatro e vários outros no campo das artes.
Foi na Fundação Cultural de Campo Mourão onde vivenciei quase toda minha artística. Comecei na Coordenação de Ação teatral como assistente e já passei por diversos setores. Vi nascer e também participei da criação de inúmeras ações, projetos e programas na área cultural de nossa cidade. 

Posso citar como exemplos: Festival de Teatro de Campo Mourão -Fetacam, Auto da Paixão de Cristo (dirigi por sete anos); Guardião do Fogo (criei e dirigi por seis anos); Bienal do Livros e Leituras de Campo Mourão.
Tive também uma experiência de dois anos como Gerente de Cultura do SESC, na regional de Roraima, onde pude conhecer um pouco da riquíssima cultura do Norte do país e da região amazônica.
Não sou muito de escolher trabalho, mas amo atuar nas áreas da cultural e educação. Por este motivo, me esforço sempre para continuar fazendo da melhor forma possível meu trabalho, mas se tiver que vender frutas e verduras em redinhas “tamô dentro”.
E A SUA ATUAÇÃO NA COMUNIDADE? Quase sempre meus projetos de caráter mais comunitário também estão ligados à área artística/cultural.   Creio muito no poder transformador da leitura e por este motivo já desenvolvi algumas ações como o projeto “Adote um Livro”, quando eu ainda dava aulas no Colégio Vicentino Santa Cruz.
COMO ENTROU A ARTE NA SUA VIDA? QUAIS SÃO EXPERIÊNCIAS QUE NÃO SAEM DA MEMÓRIA? A arte é uma presença constante na vida
de todos, basta deixar a sensibilidade fluir que ela está ali presente. Mesmo sem ter consciência disso, sempre quis fazer parte deste universo. Nunca tive pretensões de me tornar famoso, mas a arte que escolhi executar, que é o teatro, me completa. Impossível aqui relatar ou selecionar as experiências, pois a casa vez que entro em cena ou que assisto a um espetáculo, vejo uma exposição, ouço uma apresentação musical, enfim cada vez que presencio uma manifestação artística é um momento único e que não sai da memória. 
COMO ENTROU PARA O PALCO? QUEM FOI O CULPADO? Sempre sonhei em estar no palco mesmo antes de começar a fazer teatro. Na minha adolescência participava de um grupo de dublagem que se apresentava na recém-inaugurada Casa da Cultura, em meados dos anos de 1980. Participava desse movimento pessoas como Edilaine Castro, Roberto Cardoso, Sidnei Jardim entre outros.  Fingíamos ser os grandes cantores da época, mas na verdade era minha veia teatral
tomando forma. O teatro entrou na minha vida em 1989, um ano após eu retornar de Curitiba onde estava no Exército. Foi com o Carlos Soares que tudo começou. O primeiro espetáculo que participei chamava-se “O que fazer pela flor?” no qual eu fazia várias personagens. Foi ai que conheci Milton Lima e Silvio Vilczak, meus parceiros de sempre.
QUAL O ESPORTE PREFERIDO, ÍDOLO E TIME? Futebol. Zico. Flamengo.
QUAL O MELHOR TIME DE FUTEBOL QUE JÁ VIU JOGAR?  O flamengo dos anos 1980.
COMO O SENHOR ANALISA A CULTURA ATUAL NO BRASIL E EM CM? A Cultura brasileira é extremamente rica e diversificada e como qualquer outra em qualquer outro país necessita do apoio governamental para se manter. Nenhum país que pretende tornar-se grande pode deixar de ter uma
política pública de cultura que facilite o acesso aos bens culturais ao seu povo.  Infelizmente, com raríssimas exceções, os governos deixam para ultimo plano o investimento em cultura. Uns por ignorância, outros por incompetência, mas têm aqueles que não investem por achar que isso de conscientizar e educar dificulta as ações de suas gestões. A maioria dos governantes pensam na cultura como a “cereja do bolo”, algo que só esta para enfeitarou é “coisinha” para diversão.  Não pensa na mesma como um “objeto fim” e extremamente necessário para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. Num passado recente, durante o governo Lula, foi onde tivemos um modelo que, a meu ver, buscou encontrar formas para equacionar a questão da produção e fruição do bem cultural, entretanto tivemos alguns retrocessos no governo que o sucedeu. Com a volta de Juca Ferreira ao Ministério da Cultura, espero que a pasta volte a tomar rumo e que concretize as políticas culturais aprovadas nas Conferências Nacionais de Cultura e que integram o Plano Nacional de Cultura.
Já na cultura mourãense temos representantes nos mais diversos segmentos artísticos e isto é um diferencial entre as outras cidades que, na maioria das vezes, elege um campo ou evento e investe todo o orçamento no mesmo. Enquanto cultura institucionalizada, a Fundação Cultural exerce um papel fundamental, pois é a grande referência para as manifestações culturais locais.
QUEM EM CM É UM ARTISTA EXEMPLO? Temos muitos, mas creio que a vinda de Carlos Soares para Campo Mourão foi um dos fatos mais marcantes para o movimento teatral da cidade. Carlos é um exemplo de alguém apaixonado e batalhador no campo das artes e que conseguiu repassar esta paixão para muitos e, dentre eles, a mim também. 
QUAL MANCHETE FICOU NA HISTÓRIA DE SUA VIDA? A desta semana: "Francisco Pinheiro estará na ENTREVISTA DE DOMINGO"  no Blog do Ilivaldo Duarte.
QUAL PEÇA OU APRESENTAÇÃO FICOU NA HISTÓRIA DE SUA VIDA COMO MUITO BOM? E O PIOR?  As que  escrevi, dirigi ou participei são como filhos, não dá para escolher melhor ou pior.
QUE O SENHOR AINDA NÃO FEZ QUE, SE TIVESSE CONDIÇÕES, AINDA GOSTARIA DE FAZER? Um programa de humor no rádio ou televisão e viajar por alguns países como: Itália, França e Espanha pela importância cultural dos mesmos.
QUAL JOGADA QUE, SE PUDESSE VOLTAR NO TEMPO, JAMAIS TERIA FEITO?  Mesmo as coisas erradas que fiz serviram para o meu crescimento. Não posso e nem que pudesse gostaria de mudar nenhuma jogada. 
VAPT VUPT 
ÉTICA EM UMA FRASE É... Ética é a base segura para as relações humanas.
O MOMENTO ATUAL DA SUA VIDA É... de muito trabalho e de intenso aprendizado!
MÚSICA?.O Fortuna da obra Carmina Burana de Carl Off.
UM LIVRO? Cem anos de Solidão. Gabriel Garcia Marques.
QUE LIVRO ESTÁ LENDO NO MOMENTO? Os desbravadores de  Aracyldo Marques.
UM AUTOR? William Shakespeare.
UM PROFESSOR? Minha amiga, Hermínia Perdoncini.
SER IMORTAL DA AML É....? Uma responsabilidade imensa.
COMIDA?  Adoro o prato “Ki vim cheio”.
SONHO? Ver os filhos bem e continuar fazendo teatro.
SAUDADE? DO QUE E DE QUEM?  Do tempo da irresponsabilidade da juventude.
MOMENTO INESQUECÍVEL?  Nascimento dos filhos.
HOBBY?  Assistir filmes
MANIA? Coçar o ouvido. Creio que seja uma alergia, mas me sinto incomodado com esta mania.
PROGRAMA? Gostava muito da Grande Família, mas o que deixou saudade e marcou uma época foi o “TV Pirata”.
FRUSTRAÇÃO? Estar atuando pouco em teatro e fazendo mais a parte burocrática.
FAMÍLIA É... Ancoradouro seguro.
A CAMPO MOURÃO DO PRESENTE É um espaço ideal para possamos pensar e desenvolver como A CAMPO MOURÃO DO FUTURO como sendo um lugar mais fraterno e justo.
GOVERNOS REGINA DUBAY, BETO RICHA E DILMA ROUSSEF? Politicamente falando, a Regina entrou em momento muito difícil, pois é o terceiro mandato de um mesmo grupo. Isto evidencia e fortalece seus adversários políticos. Creio que os resultados de suas ações e planos aparecerão mais neste terceiro ano de mandato.  No campo da cultura, seu maior legado, por enquanto, é a criação da Bienal do Livro e Leituras de Campo Mourão e as reformas do Teatro e Casa da Cultura. Outro fator positivo é a busca pela manutenção e aprimoramento das grandes ações e eventos culturais realizados no município.
Quanto a Beto Richa, o mesmo vai entrar para a
história como o governo que menos investiu em cultura no Estado do Paraná.  Seu grande projeto é a chamada “Virada Cultural”, que significa muito pouco em relação ao que deve ser a tarefa de um governo estadual na pasta da cultura.
Quanto a Dilma, dizer que não existe corrupção em seu governo é tão ingênuo quanto achar que a mesma é a culpada de todas as mazelas envolvendo nossa política. Só numa democracia forte é possível revelar o que esta se revelando hoje. Como as podridões aparecem mais, tem se a impressão que o país é mais corrupto agora. Os governos anteriores, incluindo os militares, eram até mais corruptos, mas não existiam condições ou vontade para revelar isso a sociedade.  Deixar de destacar os avanços sociais que o governo da mesma levou a população de menor renda seria uma estupidez de minha parte. A população brasileira, nesta última década, melhorou e muito sua condição de vida. Muitos dos críticos de Dilma reclamam por não ter dobrado os milhares de alqueires de terra de suas fazendas e critica a possibilidade de um menos favorecido ter a condição de uma moradia digna, através de “Minha Casa Minha Vida”, ou de um complemento de renda através de um “Bolsa Família”, ou o acesso a faculdade através de um FIES. Entendo isso como mesquinhez.
Em cultura, Dilma errou em mudar as estratégias que vinham sendo debatidas e implementadas durante o governo Lula, ela não escolheu bem os novos ministro da pasta em seu primeiro mandato, Silvia Buarque de Holanda e Marta Suplicy, foram, de longe inferiores a Gilberto Gil e Juca Ferreira no comando do MinC.  Juca Ferreira volta a pasta neste mandato e espero que com condições e força para retomar o tempo perdido.
QUAL O SENTIMENTO DE RECEBER ESTA HOMENAGEM E PARTILHAR UM POUCO DA SUA VIDA E DA SUA HISTÓRIA? Fico muito grato pela lembrança e homenagem.
QUEM GOSTARIA DE VER HOMENAGEADO AQUI NO BLOG? Tenho tantos amigos competentes e importantes que gostaria de var homenageados aqui neste Blog que selecionar um certamente eu cometeria uma grande injustiça.
QUAL O RECADO PARA OS LEITORES DO BLOG? Prestigiem e valorizem as coisas boas que acontecem em nosso município. Temos muitas ações nas áreas da cultura e do esporte. E, felizmente, existem espaços como este blog que informa e destaca estas ações e as pessoas que as conduzem.
QUAL PERGUNTA QUE NÃO LHE FIZ QUE GOSTARIA DE TER RESPONDIDO? Esta entrevista foi um verdadeiro dossiê de minha vida (risos). Acho que você perguntou tudo e mais um pouco. 
ET: abaixo, Chico a frente do Teatro Nacional no Rio de Janeiro. 

2 comentários:

  1. Chiquinho..ele é o cara na Cultura, no Teatro. Entre tantas coisas que concordo com ele na entrevista é que ele precisa se dedicar menos na burocracia e mais no teatro, atuando como ator, escrevendo, dirigindo etc. Parabéns Ilivaldo pelo entrevistado. Parabéns Chiquinho por ser esta pessoa maravilhosa que é. Campo Mourão tem este profissional fantástico que tenho certeza que um dia ainda será mais reconhecido. Sucesso sempre!!!

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  2. Parabéns, confrade Ilivaldo, por nos proporcionar enta entrevista com o nosso confrade, Chico Pinheiro! A entrevista trata da história de vida de um grande profissional da área educação e cultura!

    Prof. Agnaldo Feitoza!

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