15 de mar. de 2015

COLUNA DO MACIEL: Hoje ela faz trinta anos

Na verdade, somei mais fracassos que vitórias em minhas lutas, mas isso não importa. Horrível seria ter ficado do lado dos que venceram nessas batalhas.”Darcy Ribeiro
            O Brasil derrotou a ditadura militar sem tornar a democracia efetivamente vitoriosa. Hoje, 15 de março, faz 30 anos que a liberdade passou a ser luz no lugar da escuridão. Ao invés dos fardados saídos dos quarteis para presidirem o País sem o voto, hoje a escolha é direta e do povo. Além dos dizeres postos abaixo do título desta Coluna, o intelectual e político Darcy Ribeiro sobre o Brasil, grosso modo se referia, “aos trancos e barrancos”.  
            A democracia brasileira tem cursos histórico-atuais claudicantes.  Porém, com defeitos a ela atribuídos, sempre será preferível ante a ditadura.     São três décadas de “trancos e barrancos”, contradições, percalços, desafios. Um dos maiores movimentos sociais e políticos da nossa História atual foi a campanha “Diretas-Já!”. Os brasileiros foram às ruas e praças, multidões com o mesmo desejo, escolher diretamente o presidente do Brasil, livremente. A Emenda Dante de Oliveira foi derrotada. Depois, foi preciso derrotar os golpistas dentro do “campo” deles, o colégio eleitoral. Tancredo Neves é eleito e se compromete com a democracia que acabara de nascer, “O próximo será escolhido por toda a nação!”
            “Águas de março” desembocam turvas em abril, morre Tancredo sem tomar posse, após longo calvário da enfermidade. Assume Sarney, ele que abandonara o barco da ditadura náufraga para pular no de Tancredo.
            Restabelecidas as eleições diretas para presidente, é eleito Fernando Collor de Melo. Ele não termina o mandato, antes de ser cassado por corrupção, renuncia. O vice assume e consegue conclui o mandato, Itamar Franco debelou a inflação e estabilizou a economia.
Esta síntese dos fatos permite dizer que “aos trancos e barrancos” se deu o processo político-eleitoral. Quando Fernando Henrique Cardoso foi eleito e reeleito presidente, é que foi possível ampliar a democracia. E foi ela ampliada quando o próprio FHC conclui o mandado e passa a faixa presidencial ao seu sucessor também legitimamente escolhido pelo povo, Luís Inácio Lula da Silva.
Mas chamada normalidade democrática não é só eleições. É imprescindível que os eleitos honrem o voto, desenvolvam ações públicas que resultem no bem comum. Mesmo com tantos casos de corrupção, desmandos e impunidades, não devemos descrer na democracia, ela deve pressupor “todos são iguais perante a lei”, assim como a justiça social, ainda um sonho e não utopia. A democracia como ideal coletivo, pois ninguém sozinho e isolado deve governar. Democracia, “aos trancos e barrancos” se não tiver outro modo.
Foi também num dia 15, (só que em janeiro) de 1985, Tancredo discursa no Congresso Nacional, o trecho a seguir é atual e fecundo: “Não há por que negar que houve muitos momentos de desalento e cansaço, em que cada um de nós se indagava se valia a pena a luta. Mas, cada vez que essa tentação nos assaltava, a visão emocionante do povo, resistindo e esperando, recriava em todos nós energias que supúnhamos extintas e recomeçávamos, no dia seguinte, como se nada houvesse sido perdido”.
Fases de Fazer Frases
Vontade de comer não é determinada pela dentadura.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Imbecil arranca folhas da árvore, usava boné para evitar o sol, sem sentir a sombra arrancada.
Reminiscências em Preto e Branco
Nada é para sempre e para sempre não é nada. 
José Eugênio Maciel, mourãoense, filho de pioneiros, professor, sociólogo, advogado, escritor e membro da Academia de Letras de Campo Mourão e do Centro de Letras do Paraná.

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