19 de fev. de 2013

COLUNA DO PROFESSOR MACIEL: Não é carta branca, mas deu "branco"


Para bom entendedor, um pingo é pingo. Se entender letra, já entendeu tudo errado” (Anônimo)
            Cerca de meio milhão de paranaenses foram reprovados no exame de habilitação para motorista realizado em 2012, segundo dados do DETRAN – Departamento de Trânsito do Paraná e conforme noticiou a Gazeta do Povo na edição de sexta passada. De acordo com o mencionado Jornal a parte teórica é o grande obstáculo para 46% dos que pretendem ter a carteira nacional de habilitação. “Não tem como a gente atribuir as reprovações a algum fator específico, mas conseguimos perceber que a cada ano as reprovações aumentam”, avalia o coordenador de habilitação do DETRAN-PR, Larson Orlando, acrescentando ser possível apontar que a falta de conhecimento e nervosismo contribuem enormemente para a elevada reprovação.
            Chega a 48% o índice de reprovação no interior do Estado em termos do conteúdo teórico, enquanto que na capital o insucesso maior é na prova prática, 50%.
            Fora de qualquer dúvida, é grande o índice de reprovação. Comum é os que submetem ao exame afirmarem que a prova é muito difícil, afirmação feita para tentar escamotear genuína incompetência, tantas vezes notória.
            O nervosismo é natural do ser humano diante dos desafios que integram o curso das nossas vidas. Entretanto, o elevado nervosismo e o descontrole emocional existem ou se afloram não só em razão da personalidade e circunstâncias, também em face as atitudes ou omissão que o próprio ser humano revela-se incapaz de ao menos controlá-los. O despreparo, no caso o desconhecimento diante de cada questão em que o candidato sequer imagina o que está sendo perguntado, evidentemente que o nervosismo aumenta, dá “branco” no indivíduo e ele perde a cor ou fica “roxo”.
            No caso do DETRAN o grande número de reprovados na parte teórica tem uma causa absolutamente evidente: A falta de leitura. O paranaense, como de resto os brasileiros, em maioria absoluta não leem ou quando tem contato com a leitura é esporádica, sem transcender os limites da obrigação escolar. A escolaridade baixa e também o baixo grau de cultura levam uma situação lamentavelmente péssima, caracterizada pela enorme incapacidade de sequer interpretar corretamente uma pergunta, consequentemente, sem condições de entender, não supõem minimamente qual seria a resposta.
            Se existem os que não vão além de interpretar uma questão, os que conseguem podem  não  produzir algumas linhas capazes de demonstrar o conhecimento, no caso, que sabe resolver a questão, neste caso o nervosismo passa a ocorrer ou aumenta, pois saber a resposta mas não saber expressá-la no papel é mesmo um pânico.
            A leitura é conhecimento que proporciona o senso crítico da compreensão de tudo que está a nossa volta, é a autonomia do saber, ela é também a base para a interpretação e produção de um bom texto, além de dar consistência a nossa comunicação, oral ou escrita. Bem ao contrário de quem não lê, sem entender a pergunta, menos ainda capaz de responder, tanto é assim que existe um ditado desvirtuado de há muito, “quem tem boca vai à Roma”, quando o verdadeiro é “quem tem boca  vaia Roma”.
Fases de Fazer Frases (I)
            Tem quem acredite que nada compensa quando não existe recompensa.
Fases de Fazer Frases (II)
            Tem quem só pensa em recompensa que compense.
Fases de Fazer Frases (III)
            Tem quem só pensa em recompor a recompensa que compensa.  
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
            O impacto surpreendente da renúncia do papa Bento XVI permanece. Alegou o pontífice não ter mais saúde, a idade provecta o levou a anunciar a renúncia. Hoje com 85 anos, ao ser escolhido para substituir João Paulo II, ele já tinha idade avançada.
            As especulações são muitas sobre a renúncia e a escolha do novo papa. O que é razoável é a escolha de um cardeal com idade bem menor que o atual papa, mas é somente uma possibilidade.
Reminiscências em Preto e Branco (I)
            Audaz, possuidor de um discurso marcado pelo conhecimento e eloquência, se opôs com coragem á ditadura pós-64, quando, em 1966, obteve o seu primeiro mandato de deputado federal, representando Pernambuco. Líder autêntico do então MDB – Movimento Democrático Brasileiro, Fernando Lyra foi a voz e a firmeza de caráter na política brasileira. Teve papel destacado no período da redemocratização, articulando a candidatura de Tancredo Neves e, com a morte do presidente eleito sem tomar posse, foi mantido no cargo de ministro da Justiça no governo Sarney. Nos últimos anos estava afastado da política por decisão própria. Morreu em decorrência de complicações de saúde, aos 74 anos.      
Reminiscências em Preto e Branco (II)
            Aproveitando que o tema de hoje em Olhos, Vistos do Cotidiano é sobre a renúncia papal, é oportuno lembrar o dia 17 de fevereiro na história, mais precisamente em 1600. O papa Clemente VIII, em nome da Santa Inquisição, condenou e executou a morte do filósofo Giordano Bruno. A condenação foi por heresia. O “pecado” de Bruno foi acreditar na teoria de Copérnico sobre o movimento heliocêntrico da terra. O filósofo acreditava que a terra girava em torno de si. É, o papa Clemente não teve clemência com o filósofo, que tinha razão, como Galileu. Também vale citar o que escreveu o filósofo: “Não é fora de nós que devemos procurar a divindade, pois que ele está do nosso lado, ou melhor, em nosso foro interior, mais intimamente em nós mesmos” (A cela das cinzas)    
José Eugênio Maciel é mourãoense, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãonse de Letras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário