22 de mai. de 2012

COLUNA DO PROFESSOR MACIEL: Saber dar uma notícia ruim


“Notícia ruim chega rápido e a cavalo, muitas vezes trazendo na garupa boato que se espalha ao longo do trajeto,  sem que seja preciso cavá-lo” Estive Nólocal (b. d. C. )
Nos cafundós do Judas, onde ele perdeu as botas e no tempo em que a comunicação era mínima e precária, existia uma unidade militar. Pelo telégrafo chega a informação: a mãe de um soldado tinha morrido. O soldado que servia as forças armadas na Amazônia, não teria condições e tempo de comparecer ao velório da progenitora, no longínquo Rio Grande do Sul.
Surge uma delicada questão, como dar a notícia fúnebre ao jovem soldado. Enquanto comandantes refletiam como e por quem seria dada a notícia da morte, chegava outro comandante, justamente da tropa que fazia parte o soldado que já era órfão sem saber:
- O soldado é da minha guarnição, eu mesmo devo dar a notícia! - afirmou o comandante.
Os outros comandantes pouco puderam conter o espanto e a preocupação. É que o comandante era muito enérgico e tinha uma objetividade seca, direta, incisiva, enfim ele se expressava sem suavizar em nada, “curto e grosso”. Assim o risco era grande, à falta de sensibilidade.
Os demais comandantes simplesmente fizeram o que lhes cabia naquele delicado momento, observar como o ríspido e implacável colega de farda daria a noticia ao pobre soldado:
- Soldados, sentido! - Ordenou o comandante.
- Soldados que tem mãe, dar um passo à frente! - Novamente ordenou o comandante.
Muitos soldados então, atendendo a determinação do comandante, deram um passo à frente, o que também fez o soldado que já era órfão mas ainda sem saber que perdera a mãe.
O comandante, que já se posicionava bem diante do soldado órfão, no momento em que o jovem dava também o passo adiante, sentiu a mão pesada do comandante tocar o peito, barrando-o, quando então o comandante disse:
- Você não! Nada de dar um passo à frente!
A anedota, se boa ou não, serve para ilustrar a situação de se ter que dar uma notícia ruim, como comunicar uma tragédia, sendo a maior delas a morte de alguém na qual a família do morto precisa saber. Mais ainda quando ela inteiramente inesperada, como a de um acidente.
Os médicos lidam com uma situação peculiar a profissão. Tantas vezes são eles os portadores da má notícia, quando familiares aguardam o desfecho de uma intervenção delicada, arriscada. A notícia é ruim em dois aspectos, o médico está ligado ao fato, ou seja é ele que buscou de todos os meios salvar o paciente e, sem conseguir, ainda tem que noticiar a morte. Sendo o médico um profissional e também um ser humano, é comum nos grandes centros médico-hospitalares, o médico ter que dar a notícia de maneira humana e respeitosa e ter que também logo se retirar porque o dever o chama, quando será exigido dele afastar-se do envolvimento emocional para voltar a se concentrar profissionalmente.
Estar preparado para noticiar a morte exige-se certo conhecimento como o senso de oportunidade prévia junto a quem irá receber a notícia. E tudo faz lembar a já conhecida piada sobre a morte de um gato de estimação. A notícia não poderia ser dada de supetão, como a do comandante. O melhor a fazer foi o de começar a dizer que o “gato subiu no telhado...”
Fases de Fazer Frases
Linda lenda lida da Leda linda. Ou: Lida a lenda linda da linda Leda.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
É mesmo falta de ter o que fazer. Pode ser engraçado que tenha existido uma comissão para apurar a morte de um gato preto por envenenamento. Segundo o sítio Boca Santa,(edição de sexta) o gato apareceu mais vivo do que nunca, na hora da reunião para as providências iniciais. Boca publicou a foto do gato.
Quem não tem o que fazer certamente não é o gato.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
O presidente da AMO Basquete agradeceu pelo texto sobre o basquete mourãoense, publicado aqui, “(...) … suas palavras soam como uma poesia e estímulo (…)”. Não carecia de agradecer, faço o registro pela gentileza, gentileza, aliás, também do Edson “China” Hirata, colunista desta Tribuna, no mesmo sentido, que me chamou de torcedor.
Infelizmente o basquete mourãoense não conseguiu uma das vagas nacionais. A participação em Mogi das Cruzes (SP) não encerra nem o sonho nem o objetivo. A experiência é aprendizado a ser assimilado. O basquete há de continuar a dar muitas alegrias aos torcedores, títulos também.
Olhos, Vistos do Cotidiano (III)
O ex-líder na Câmara Cândido Vaccareza (PT-SP) foi flagrado ao passar mensagem pelo celular para o governador do Rio de Janeiro (PMDB) Sérgio Cabral: “...não se preocupe, você é nosso e nós somos teu (sic)”, escreveu. O parlamentar apenas confirmou o que já era mais do que evidente, o empenho PT/PMDB em fazer com que a CPI do Cachoeira termine em carnaval. A surpresa foi descobrir que Vaccareza saber escrever, pelo menos um pouco, apesar do “nós somos teu”.
Reminiscências em Preto e Branco
Mamborê não tem notícia de lá que valha a pena ser de interesse geral, inclusive das cidades circunvizinhas? Claro que tem fatos bons ocorridos por lá, mas que não são notícias. O espalhafatoso, picuinha mesmo, faz esgotar a paciência, como é o caso da estrada bloqueada e que servia para desviar do pedágio e agora o desmanche da pista de laço do CTG. A laboriosa e simpática população de Mamborê espera e merece que os responsáveis pelos destinos do Município se ocupem do que é fundamental para o desenvolvimento, e não com entrevero típico da arrogância descomedida e da mentalidade pequena.
José Eugênio Maciel, mourãoense, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras.

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