19 de dez. de 2011

COLUNA DA PROFESSORA MARIA JOANA: É desejável, é possível tanto crescimento!


No apagar das luzes de 2011, muitas decisões importantíssimas são adiadas para o(s) ano(s) seguinte(s), como a votação do Código Florestal, o corte das emissões de carbono proposto em Durbam, as reformas institucionais etc... Mas as benesses, os aumentos para os “representantes do povo” e seus assessores foram aprovados rapidamente, sem muitos debates, na calada da noite...
O jornalista Jânio de Freitas resumiu bem o resultado da Conferência do Clima de Durbam: “Este é o resultado da conferência (de Durban), sem blá-blá-blás: prorrogação até 2017 do Protocolo de Kyoto, cuja necessidade de superação tem justificado as várias conferências posteriores; nenhuma norma nova e com força de norma internacional; e futuras negociações (assim vagas, sem programa, sem agenda, sem mais nada) para um novo tratado com vigências inicial a partir de 2020. Se as tais negociações derem em alguma coisa“.
Mal terminava a COP 17, o Canadá anuncia que abandonava o Protocolo de Kyoto, assim como a Rússia e o Japão fizeram em 2010. E todos alegam que se os maiores poluidores do planeta, os EUA e a China, não seguem as normas do tratado, não adianta o resto do mundo fazê-lo... apesar da crise ecológica anunciada...
Maiores emissores da atualidade, China e EUA são historicamente os grandes entraves de um acordo global legal de corte nos gases do efeito estufa. Nesta conferência, entretanto, os dois países se mostraram mais dispostos a aceitá-lo, mas apenas no distante 2020. O argumento de ambos é o impacto dos cortes na economia. O mesmo diz a Índia, com seus milhões de cidadãos na pobreza e dificuldades em assumir esse compromisso.
Para os EUA há ainda mais um entrave: o acordo ideal, assim como Kyoto, é “legalmente vinculante”, ou seja, tem peso de lei e deve passar pelo poder Legislativo dos países. Foi exatamente nesse ponto que o Protocolo de Kyoto não foi aprovado no Senado do país. E o problema tende a se repetir para um novo acordo, ainda mais diante da crise econômica que estão vivendo.
Ninguém quer parar de crescer nesta briga de poder mundial, não importando se o mundo comporta tanto crescimento. Há um amplo consenso é de que a China superará os Estados Unidos para se tornar a maior economia do mundo em duas décadas. E em 2050, a Índia será igualmente grande.
Essa perspectiva empolga muita gente – as do mundo dos negócios acima de tudo, mas também os governos asiáticos. Após décadas de trabalho árduo e luta, centenas de milhões estão à beira da abundância da classe média.
De acordo com as tendências atuais, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional esperam que o produto econômico global cresça entre seis e sete vezes entre 2005 e 2050. Desse modo, o PIB total da Ásia cresceria dos cerca de US$ 30 trilhões atuais para cerca de US$ 230 trilhões.
Es se é um número impressionante. Mas ele é realmente desejável – ou mesmo possível? Tentemos imaginar um mundo com mais três potências econômicas gigantes, com cidadãos que compram, vendem, consomem, poluem tudo na busca de suas versões do Sonho Americano. Difícil imaginar? Mas é nesta direção que os economistas dizem que estamos seguindo...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC-majocalderari@yahoo.com.br

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