27 de out. de 2011

COLUNA DO PROF. MACIEL: CERCA DE 50 METROS A aproximadamente dois do chão


“Uma vez que você tenha experimentado voar, você andará pela terra
com seus olhos voltados para o céu, pois lá você esteve e para
lá você desejava voltar”.
Leonardo da Vinci
Entre outras qualidades geniais, como cientista Leonardo da Vinci era um visionário, ao morrer em 1519, acreditava convictamente que o homem um dia voaria, criaria asas para tal. A afirmação dele, transcrita logo abaixo do título deste Artigo, bem sintetiza o quanto os ambiciosos sonhos do homem também abrangiam o fascínio de ganhar alturas, planar, voar como os pássaros, invertendo a posição, da terra ele contemplava o magnífico céu e de lá, bem nas alturas um dia poder contemplar a terra.
Foi necessário chegar 1906, dia 23 de outubro para que tudo pudesse efetivamente ganhar asas. No Aeroporto de Bagatelle em Paris, Alberto Santos-Dumont pilota no céu francês o seu Oiseau de Proie, cerca de 50 metros a aproximadamente dois metros do chão, o próprio motor impulsionando a máquina, ou seja, sem carecer de um impulso.
Certamente que a data será lembrada, Santos-Dumont é conhecido dos brasileiros como o inventor do avião. É um dos poucos nomes entre os provavelmente poucos que os brasileiros sabem minimamente a respeito. Mas sabem sinteticamente, os anos de dedicação científica e o modo brilhante com que voou pouco se enaltece, tanto é assim que não se tem um museu a altura do pai da aviação em nosso Pais, em que pese nomes de aeroportos, vias públicas e estabelecimentos de ensino.
Mineiro de Palmira, mais precisamente tendo nascido na Fazenda Cabangu, Santos-Dumont, quando menino estudante, foi repreendido pela professora. Ela perguntou aos alunos que dessem exemplos de seres que voavam. Disseram por exemplo, águia, gavião e canarinho. Mas o futuro inventor e piloto do 14 Bis disse, “o homem”, e logo a professora respondeu que o homem jamais teria voado e nem asas possuía, logo também Santos-Dumont replicou, “um dia o homem voará”.

Fases de Fazer Frases (I)
Nem todo gume está no cume. Para estar no ápice do cume o gume há de guindar.
Fases de Fazer Frases (II)
No telefone móvel me fixo a ligar para mim... chamo, chamo e não atendo, estou ocupado na vibração muda/mundana com o eu que liga e desliga na minha cara, a cobrar quando não pago fixamente imóvel.
Olhos, Vistos do Cotidiano
Ontem como hoje são realizadas as provas do ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio. Na propaganda a atriz Carol Ferraz dá todas as dicas. Por ela ter feito a propaganda, muita gente protestou junto ao Ministério da Educação, segundo a Folha de S. Paulo, edição eletrônica da última quarta. O principal motivo contrário diz respeito à Carol ter posado nua para uma revista masculina. O Ministério ignorou o protesto, o que fez acertadamente. Imoral seria se fosse o Tiririca quem encenasse a peça publicitária, ele que é deputado federal e integrante da Comissão da Educação. É a ignorância posta a nu ou a inteligência encoberta pelo moralismo?
Reminiscências em Preto e Branco (I)
É como se todos nós ficássemos mudos, sem qualquer postura gestual, ao mesmo tempo em que as lágrimas escorressem como expressão indizível da dor incontida, do luto profundo. A professora Saleti dirigiu a Escola Espaço Aberto, destinada aos surdos e mudos, quando ainda o referido estabelecimento funcionava em instalações alugadas e posteriormente em espaço cedido no Centro Social Urbano de Campo Mourão, ambas as condições precariamente. Apesar das adversidades, ela sempre enfrentou com denodo os desafios, driblou as dificuldades com dedicação e competência profissionais, sem perder a esperança.
Foi no CSU que ao visitá-la constatei facilmente a inadequação do local para funcionar dignamente uma escola. A professora afirmou ter um sonho, o de uma escola ideal, humana, capaz de assegurar a dignidade de todos, tanto de quem fosse ensinar ou aprender, “mas é só um sonho”, desabafou. Apesar de me calar momentaneamente, o que eu via e ouvia, tomei como compromisso, “o teu sonho irá terminar, será transformado em realidade”, disse-lhe.
No decorrer do tempo, pudemos edificar à época do prefeito Rubens Bueno, na Vila Urupês a nova e tão sonhada Escola, que, ao ser inaugurada, pude então dizer a todos e em especial a ela, que tudo foi possível graças ao esmero e empenho singular da professora Saleti. Ficarão perenemente os abundantes exemplos que ela foi capaz de proporcionar, ricas lições, inesquecíveis de outrora, imorredouras a partir de agora ante a despedida derradeira, Maria Saleti Negri Julião da Silva, aos 69 anos.
Reminiscências em Preto e Branco (II)
Uma prosa agradável mesclada pela erudição e simplicidade. O seu vasto círculo de amigos era cultivado por ele através de uma peculiar atenção, sabia proporcionar, bom ouvinte, cordial. Em 1996, quando candidato a vereador, fui visitá-lo na imobiliária dele. Fui muito bem recebido e pude escutá-lo atentamente, com entusiasmo e serenidade com que me transmitia imprescindíveis ensinamentos, discorrendo sobre vários enfoques e épocas de Campo Mourão, profundo conhecedor e devotado às causas comunitárias. Lembro ainda que cancelei alguns compromissos previstos na agenda de campanha para assimilar aquela longa e marcante conversa, aprendizado que me inspirou e que segue vivamente na minha lembrança.
Aos 83 anos tendo se despedido da vida, José Antônio Rossiter do Nascimento é um legado insofismável de ética e da têmpera própria com o conteúdo da lisura e da fraternidade.

José Eugênio Maciel é mourãoense, filho de pioneiros, advogado, escritor, sociólogo, professor e membro da Academia Mourãoense de Letras. A coluna acima foi publicada no jornal Tribuna do Interior em 23/10/2011.

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