15 de nov. de 2010

COLUNA DO PROFº MACIEL: O piano deixando rastro


O PIANO DEIXANDO RASTRO
“Com a roupa encharcada de chão
Todo artista tem de ir aonde o povo está”. Milton Nascimento e Fernando Brant – Nos bailes da vida
Após um dia inteiro de calor intenso, a noite veio com o céu azul tisnado
dando sinais que iria chover. A temperadora da última quarta-feira caia, primeiramente com a brisa suave e em seguida ventos trazendo um friozinho saudável. Rapidamente e antes do horário previsto para iniciar o espetáculo os lugares estavam tomados. A ansiedade do público era mesclada pela aguardada e paciente espera. Existia apenas o temor que a chuva caísse, mas felizmente para aquele momento, o que caiu foi somente a temperatura
Além do ar livre, o local tinha um clima de educação e de cultura pulsantes e entrelaçadas, a avenida não tinha carros, ela era para aquela noite, transformada em chão destinado às pessoas que ali se reuniam. Cercadas por elas mesmas, circundadas pelo prédio da nossa Faculdade de um lado e de outro a Casa da Cultura e o Teatro Municipal, o local da apresentação de Arthur Moreira Lima não poderia ser melhor.
Um piano pela estrada trouxe a Campo Mourão um dos maiores nomes da nossa Cultura, ele chegou embalado pelos acordes das notas, dos estribilhos, do toque das teclas, como na canção Nos bailes da vida, o pianista veio onde o povo estava, tocou o piano ao mesmo tempo em que tocava numa plateia atenta e vibrante.
A harmonia do repertório apresentado pelo magnífico pianista refletia como ritmo harmônico dos presentes, o silêncio naturalmente atento ao ouvi-lo e os aplausos espontâneos em retribuição ao artista.
Fazendo parte do projeto, Arthur se apresentou na Escola Municipal Bento Mossurunga. E não poderia ser a melhor escolha (ou feliz coincidência). O maestro e compositor paranaense nascido em Castro (1879-1970) é o autor do Hino do Paraná feito em 1903 e oficializado em 1947. Bento foi, à época, importante referência nacional devido a qualidade da música que compunha e executava.
Fases de Fazer Frases
O fim da vida. O fim da estrada. Quando uma acaba, a outra também acaba. Acaba a vida, a estrada termina. Acaba a estrada, a vida finda. Somos estrada percorrida, vida passada pelos passos.
Olhos, Vistos do Cotidiano (I)
O bicampeonato paranaense conquistado pela equipe de basquete mourãoense não foi obra do acaso, sorte ou sem querer. Através da iniciativa de um grupo de entusiastas, o que poderia ser considerado devaneio até bem pouco tempo, agora se concretiza por causa do esforço e dedicação dentro de quadra e fora dela, na estrutura da equipe, dos que fazem muitas cestas de três pontos através do respaldo material e financeiro obtidos.
Entre outros muitos e importantes aspectos que poderiam ser mencionados, cabe destacar a formação de um grupo organizado que se caracteriza pela competência e determinação, que enfrenta com galhardia os desafios e adversidades, sabe do sonho, conhece agora que é fato, é conquista e a capacidade renovada com mais ousadia para novas conquistas. Aliás, mesmo buscando o apoio do poder público, não ficaram à espera dela comodamente, souberam bem difundir a ideia e os seus frutos na medida em que eles foram amadurecendo. Um exemplo a ser seguido por outras áreas que, mesmo tendo proporcionalmente maior apoio público, têm apresentado resultados pífios, seja por falta de garra e compromisso, seja pelo gerenciamento falho ou nebuloso, muito diferente da correção dos que comando o basquete em nossa cidade.
Olhos, Vistos do Cotidiano (II)
O sempre atento à cultura de um modo geral, particularmente ao nosso vocabulário, Claito Balconi de Macedo, em referência ao publicado aqui na semana passada sobre a iniciativa dos estudantes farolenses de enterrarem simbolicamente a palavra “ponhá”, Claito lembrou, “fico triste em ver que sepultaram o meu verbo”, que é muito falado no Rio Grande do Sul. Ele registra que o dicionário do Aurélio inclui o “ponhá”. De fato sim, como falares regionais, classificando como chulos muitas palavras para orientar o leitor que consulte, assim como o sentido figurado e as gírias. Está feito o registro. Aproveitando, primeiramente para enaltecer a contribuição valiosa da cultura gaúcha ao Brasil, os sul-riograndeses são conhecidos por usarem o tu. Entretanto, o emprego erroneamente se constata quanto à concordância verbal, como “tu foi embora?”, em vez de “tu foste embora”.
Reminiscências em Preto e Branco
A panela de barro, engenhosidade indígena, cozinha na cozinha o alimento extraído da terra, o gosto da terra a alimentar as pessoas fraternais ao redor da mesa. Roubados deles a terra, a panela infelizmente é mais lembrada como folclore dos índios, do barro que se fazia, esbarrado no tempo da dita civilização que na terra enterra a tradição ignorada.
Coluna publicada por José Eugênio Maciel no dia 14/11/2010. Ele escreve aos domingos no jornal Tribuna e durante a semana neste BLOG. É mourãoense, professor, sociólogo, advogado e membro da Academia Mourãoense de Letras.

Um comentário:

  1. Agradeço em nome do basquete mourãoense as palavras elogiosas do prof. Maciel e posso garantir que existe realmente um grupo de pessoas abnegadas com o mesmo interesse: elevar o nome de Campo Mourão através do esporte. Contudo, ressalto, que as conquistas são alcançadas graças ao empenho de toda a nossa comunidade, que abraçou essa causa.

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