23 de jul. de 2010

COLUNA DA PROFª MARIA JOANA: E nós engolindo tudo, calados...


Durante a Copa do Mundo, o Brasil voltou a sofrer um duro choque de realidade em seu interior: com chuvas em níveis nunca registrados, o agreste de Pernambuco e Alagoas teve dezenas de cidades devastadas pelas enchentes decorrentes dos temporais, causando a morte de mais de 60 pessoas. Mas não se fala mais nos desabrigados a não ser para falar do desvio dos donativos... E as verbas para socorrê-los e reconstruir as cidades, as pontes chegaram? E o planejamento para evitar futuras catástrofes? Parece que já vimos este filme quando aconteceram as enchentes em Santa Catarina em 2009, no verão de 2010 nas enchentes do Rio... Ainda hoje estão esperando as verbas para reconstrução... Como as verbas públicas demoram a chegar para os mais necessitados. E como chegam fácil para as grandes empreiteiras construírem grandes projetos, como os que vemos agora serem planejados para a Copa de 2014. E quanto mais atrasam as obras mais as verbas saem fácil, sem licitação, duplicando o valor das mesmas com já vimos no PAN. E os caríssimos “elefantes brancos” ficam abandonados terminada a festa. Como esses verbas fazem falta nos projetos de infra esturura das cidades, na saúde, na educação, na segurança...
Na mesma época em que as populações de cidades alagoanas e pernambucanas foram atingidas com as chuvas, dados do Portal do Planejamento revelaram que o drama é parte de um problema maior. O número de pessoas atingidas por enchentes e alagamentos no país praticamente triplicou nos últimos três anos, segundo informações do Portal — retirado do ar em apenas um dia, devido às críticas aos programas do governo. Entre 2007 e 2009, o universo de municípios afetados subiu de 176 para 620. No período, o número de vítimas cresceu de 1.309.914 para 3.035.215. E vai aumentar, já que os atingidos pelas enchentes de 2010 — Rio (Angra e Niterói), Alagoas e Pernambuco — ainda não foram contabilizados nas estatísticas.
As informações citadas no Portal são da Secretaria Nacional de Defesa Civil, que teve sua atuação criticada na avaliação dos técnicos, pela falta de planejamento e adoção de medidas para evitar catástrofes. A publicação destaca que, em 2008, apenas 31% da população urbana eram atendidas com rede de drenagem urbana. Segundo os técnicos do ministério do planejamento, inundações e alagamentos não são causados só por fatores climáticos, mas também por falhas institucionais. Mas o governo, ofendido” com a verdade dita pelos seus técnicos, tira o portal do ar e não dá a mín ina para as sugestões, as análises críticas, neste e em muitos outros setores.
Mas o pior é que as inundações tendem a aumentar como podemos constatar no aumento da temperaura mundial e concentração de gases na atmosfera causando chuvas mais fortes e enchentes do mundo, como comprovam as pesquisas científicas. De acordo com o especialista em clima do INPA (Instituto de Pesquisas da Amazônia) Fearnside, a tendência de ocorrências semelhantes se repetirem é crescente, já que as tempestades do Nordeste foram mais intensas que o normal por conta de uma maior temperatura das águas do Atlântico. O professor salienta que tal fenômeno se alinha ao El Niño (no Pacífico), levando aos mesmos efeitos de chuvas violentas e secas alternadas entre a Amazônia e o Nordeste, ameaçando, portanto, também a maior floresta tropical do mundo.
Mas aqui no Brasil as atenções da mídia se alternam entre o caso Bruno e suas ex, as verbas milionárias para copa de 2014, a campanha eleitoral que correm solta pelas ruas ou melhor pela internet, pelo twitter... E nós engolindo tudo calados, acomodados diante da TV...
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br

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