1 de jun. de 2010

COLUNA DO SHAPIRO: Pressupostos


Todos nós temos crenças não comprovadas, chamadas pressupostos. Passamos a vida juntando-os aos montes. Decidimos coisas importantes partindo deles. Há os que podem ajudar, como “chá de erva-doce ajuda a digestão”, mas há também os que se tornam obstáculos em áreas importantes da vida, como “fumar é charmoso para as moças”, “rapazes seguros de si tomam bebida alcoólica”, “gente socialmente bem posicionada precisa morar em condomínio fechado e ter carro caro”.

As pessoas prudentes reconhecem e analisam seus pressupostos. As outras nem sabem que eles existem.

As facilidades do mundo atual geram um número incrível de pressupostos coletivos. Formam-se à velocidade espantosa, e são piores do que os individuais pois movem uma geração inteira em direção a situações ilusórias ou equivocadas. E por serem abrangentes, corrigi-los ou eliminá-los é quase impossível.

Um dos mais populares e recentes solidificou a crença dos jovens universitários brasileiros e virou uma expectativa messiânica na formação profissional. Trata-se da fé salvadora nos cursos de pós-graduação e MBA´s como meios para se conseguir extraordinária colocação no mercado de trabalho ou promoção de carreira. E para agravar, propagandas e matérias pagas em revistas informam benefícios exagerados resultantes desses cursos, tornando fácil confiar em suas fabulosas promessas e esquecer que sucesso sem esforço é tão real quanto o coelhinho da Páscoa.

Qualquer curso superior só representa perspectiva exitosa para quem se dedica rigorosamente a cada disciplina e às suas interações com a prática. O mesmo é válido para pós-graduação e MBA.

Enquanto o aluno ou profissional não se lança na piscina do compromisso com os estudos, em vez de apenas sentar-se à beira dela e molhar os pés, tudo o que concerne à sua formação terá baixíssimo índice de conversão em benefícios efetivos. O que ele consegue – se conseguir – serão diplomas ou certificados para decorar paredes.

Cuide dos seus pressupostos. Analise-os. Prove-os. Enraíze os que forem corretos. Descarte os errados e duvidosos. Alerte-se contra o poder de produzirem embaraços e complicações. Mire-se no que se passou com um amigo meu. Contou-me ele: “Eu estava fazendo as malas para uma viagem de negócios enquanto minha filha de 3 anos brincava na cama. A certa altura ela me disse: ‘Papai, olhe aqui!’ – e esticou sua mão mostrando dois dedinhos. Tentando mantê-la distraída, eu me aproximei e coloquei os dois dedinhos na minha boca, dizendo: ‘Vou comer os seus dedinhos!’ – fingindo comê-los antes de sair correndo do quarto. Ao voltar, ela estava em pé na cama, olhando para seus dedos e com uma carinha desolada. Eu então perguntei: ‘O que houve, amor?’ E ela respondeu: ‘Cadê a meleca que estava aqui?’”

Este é um exemplo irrelevante do que um pequeno pressuposto pode causar. Imagine as consequências dos grandes.
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Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

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