22 de jun. de 2010

COLUNA DO SHAPIRO: A matemática da autoestima


Uma das teorias sobre o cálculo da autoestima propõe um binômio da seguinte forma: AUTOESTIMA=(SUCESSO)/(PRETENSÃO).

Trata-se de uma divisão. O ideal é que o resultado seja próximo de 1 para que corresponda a 100%. Se você tem algum sucesso, porém pretensões mais elevadas, sua autoestima será menor que 1, e será baixa.

Suponha que você tenha um ótimo trabalho, seja um bom pai – ou mãe –, viva a vida com saúde e atinja objetivos constantes. Se as suas pretensões forem o dobro deste sucesso, sua autoestima assumirá o valor de 50%. O fato é que você não estaria enxergando o sucesso que já possui, mas apenas o que ainda pretende ter. Sua visão, neste caso, não é realista, pois você impõe uma pretensão grande demais sobre si. Por outro lado, se as suas pretensões fossem proporcionais ao sucesso real que você obtém, sua autoestima estaria equilibrada.

Diferente do que muitos pensam ou sentem, o mundo de hoje nos bombardeia o tempo todo com pensamentos negativos a respeito de nós próprios. Tudo à nossa volta busca causar o aumento vertiginoso das pretensões individuais de cada um. Este é o recurso da propaganda para despertar o desejo de tudo em todos.

Um caso emblemático comprova isto. Em 1959, a indústria Matel de brinquedos comercializou pela primeira vez a boneca Barbie. Em cincoenta e um anos de existência são quase 1,2 bilhões de exemplares vendidos. As medidas com que esta boneca foi construída – e mantêm-se até hoje – são inumanas. Quando se projetam suas dimensões para a escala de uma mulher com 1,70 m de altura, constata-se que sua cintura, busto etc seriam incompatíveis com qualquer ser humano.

Coisas como esta semearam estigmas nas populações durante décadas. Aos poucos, as pessoas desenvolveram baixa autoestima por não terem o corpo ideal ditado pela Barbie. Frustradas, elas passaram a pensar: “Não sou ideal”, “Sou um defeito”, “Minha constituição física é incompetente”.

Quer mais? Há 25 anos, uma top model tinha seu peso 8% menor que a média das mulheres normais. Hoje, este número já chega a 25% sobre a mesma base de peso. Se existem oito ou dez top models internacionais desfilando para as grandes grifes da moda em todo o mundo, como será possível que quase três bilhões de mulheres pretendam mirar-se nelas como protótipo do corpo de seus sonhos?

Nossa tendência diante de tudo é a distorção. Caminhamos para a mais negativa das visões, e a prova está na epidemia de declarações degradantes, do tipo: “Você é um funcionário incompetente”, “Você é incompetente no sexo”, “Você é horrível”. O que isto produz? Venda garantida de botox, silicone, peelings e outros efeitos especiais. E junto disso: drogas de todos os tipos a preços bastante acessíveis, para todas as classes.

Visão de sucesso nula. Pretensões estelares. Resultado desta conta: autoestima no chão. Se não estivermos assim, já estamos bem próximos disso.

Abraham Shapiro é consultor e coach de líderes. Sua filosofia de trabalho, em uma só palavra, é: simplicidade. Contatos: shapiro@shapiro.com.br ou (43) 8814 1473

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