5 de set. de 2009

COLUNA DA MARIA JOANA: Brasil, Esperança de nova civilização


A mensagem de esperança para o Brasil nesta semana da Pátria vem do filósofo, sociólogo, historiador e economista francês de 88 anos, Edgar Morim, em entrevista é de Antonio Gonçalves Filho e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 02-08-2009. Em meio a essa crise de esperança é bom olhar o país com a ótica de quem vê mais longe e percebe nossas potencialidades.
Morin diz que a pluralidade do país reflete a grandeza do Brasil, um possível modelo para o mundo. Para alguém que vem da Europa, um continente de nacionalidades fechadas, o Brasil sempre lhe pareceu aberto a outras etnias - e é essa civilização da mestiçagem brasileira que lhe interessa. Vê a grandeza do Brasil especialmente na pluralidade étnica de Salvador e na biodiversidade da Amazônia.
Considera que o Brasil é um país pacífico, sem espírito colonialista ou de revanche contra os outros. É também um país em desenvolvimento, embora esse desenvolvimento seja o da classe média - o que pode representar no futuro uma intoxicação consumista. Lembra que é preciso, antes de consumir, recuperar o hábito de reparar os objetos para que o mundo não vire um depósito de sucata. Infelizmente, a corrupção no Brasil ainda é muito grande - considera mesmo o problema principal do País. .
Reconhece que a África arranjou um jeito de parar com a devastação ao pressionar os países ricos a ajudar economicamente quem vive da exploração da madeira. O Brasil não é um país pobre, mas vai precisar da ajuda internacional para proteger esse patrimônio - porque não se trata só do território amazônico, mas da água, um bem universal. A grandeza do Brasil será um exemplo para essa civilização do futuro, que chama de civilização do Sul, calorosa em oposição à cultura anglo-saxônica. Essa não suporta o toque e, infelizmente, influenciou muito a cultura brasileira, que sempre subestimou sua capacidade. O brasileiro não só assimila bem outras culturas, mas demonstra uma curiosidade não usual, uma cordialidade única. E também da solidariedade. Essa é a palavra que vai reger o futuro da humanidade, não mais o individualismo e a burocratização, que é o reverso da solidariedade.
Ao mesmo tempo, prossegue investindo contra a onda neoliberal que virou tsunami no mundo globalizado e, sobretudo, proclama o surgimento de uma religião da fraternidade, resultante do fato "de estarmos perdidos e, assim, necessitarmos uns dos outros". Estamos perdidos num pequeno planeta dentro de um sistema e, justamente por estarmos perdidos, precisamos ajudar uns aos outros. Assim, ou enfrentamos a metamorfose ou seremos destruídos.
Edgar Morin trocou a revolução ("reduzida a uma dimensão violenta") pela metamorfose, que, para ele, traduz uma "transformação natural e radical". A metamorfose permite uma transformação natural e radical como a de uma borboleta, que se destrói e se constrói para se transformar, para adquirir novas habilidades, como a de voar.
Se há, como sempre, combatividade em suas palavras, o que se nota hoje neste que se destaca como um dos mais vigorosos pensadores em atividade na Europa é uma absoluta crença num futuro mais humanista - que, para tanto, passa pelo Brasil.
Edgar Morin acredita que o Brasil seja mesmo "o país do futuro". Os trunfos do Brasil em relação ao restante do mundo, diz Morin, estão na miscigenação cultural e na biodiversidade da Amazônia. Se o País souber aproveitar isso, assegura, poderá assumir a liderança mundial num projeto reformista que implique uma mudança multidimensional "conduzida por homens de boa vontade para criar uma nova civilização". Esta será sim a grande INDEPENDÊNCIA!!!
Maria Joana Titton Calderari – membro da Academia Mourãoense de Letras, graduada Letras UFPR, especialização Filosofia-FECILCAM e Ensino Religioso-PUC- majocalderari@yahoo.com.br

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