20 de jun. de 2009

COLUNA DO NERY THOMÉ: Desenvolvimento, Meio ambiente e sustentabilidade


Há menos de um mês, o jornal Estado de São Paulo divulgou que o Brasil finalmente conseguiu comemorar, em 2009, o saldo positivo na geração de emprego formal, ou seja, maior número de contratações do que de demissões, após a perda de 800 mil vagas de trabalho desde o início do ano.
As principais vagas surgidas vieram das cidades do interior do país, resultantes de vagas no setor agrícola de exploração da cana-de-açúcar e de café, ou seja, quando o mercado de trabalho parece não dar sinais de vida na UTI da crise econômica atual, é o agronegócio que nos apresenta ainda possibilidades de crer que existe uma luz no final do túnel.
Em visita a nossa Campo Mourão, onde participou de encontro com produtores rurais, a presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a Senadora Kátia Abreu lembrou outros números que fazem da agricultura a mola propulsora do desenvolvimento do país. Segundo dados apresentados em sua palestra, a agricultura é a responsável por 1/3 do PIB brasileiro, 1/3 das exportações e 1/3 dos empregos gerados e é um dos únicos setores responsáveis pelo saldo positivo de nossa balança comercial.
No entanto, conforme palavras da própria Senadora, há dois grandes problemas que impedem o pleno desenvolvimento do setor: a reformulação do Código Florestal e um novo formato para o crédito rural. “O meio ambiente é assunto de todos nós, é preciso preservá-lo através da prática de uma agricultura sustentável, porque é a agricultura que faz nosso país crescer”, afirmou ela.
Para a Senadora, o agronegócio não é o principal culpado pelo desmatamento no país e o interesse do setor é de lutar pela preservação da cobertura florestal que ainda existe, aliado ao desenvolvimento do setor, sendo que 70% de tudo o que é produzido no país é destinado apenas para o atendimento do mercado interno.
Realmente, o meio ambiente não é um assunto só para ambientalistas, ecologistas e estudiosos do setor. Quando observamos as catástrofes resultantes das mudanças em nosso clima, é claro perceber que o meio ambiente é um assunto de todos nós. No entanto, não podemos impedir o trabalho daqueles que põem comida em nossas mesas, ou seja, é preciso aliar o desenvolvimento econômico, através do agronegócio, aliado a práticas sustentáveis de proteção ao meio ambiente.
Se hoje o país é considerado o pulmão do mundo, há muito ele também é um verdadeiro celeiro mundial, garantindo a produção de alimentos com qualidade e preço que possam alimentar milhões de pessoas no país e até fora dele.
O respeito ao meio ambiente passa também pelo respeito ao agricultor. É preciso que os responsáveis pela condução dos rumos ambientais em nosso país saiam de seus escritórios climatizados com aparelhos de ar-condicionado para um contato direto com os setores que fazem um país crescer. É só através do choque com a realidade e não somente com os livros teóricos é que é possível perceber que as políticas na área precisam estar de acordo com a ciência, a pesquisa e o avanço da sociedade.
Nery Thomé é engenheiro agrônomo, jornalista e presidente da Associação dos Jornais do Interior do Brasil.

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